NBA: Índios pagam anúncio comercial contra racismo
Marcos Peres
Um anúncio comercial que foi ao ar na noite dessa terça-feira, durante o jogo 3 da final da NBA, entre Miami Heat e San Antonio Spurs, pedia a mudança do nome e do mascote de um dos times de futebol americano mais populares dos Estados Unidos, o Washington Redskins. O motivo alegado foi a discriminação racial.
Os Yocha Dehe Wintun, tribo indígena nativa do estado da Califórnia, pagou por valiosos 60 segundos do intervalo comercial da rede de televisão ABC em sete das principais cidades dos EUA para protestar contra o que acreditam ser uma ofensa racial. O time da capital americana, fundado em 1932, se chama Redskins – “peles vermelhas”, em língua portuguesa – em referência aos indígenas. Um apelido que os líderes das tribos locais consideram uma forma de discriminação pela cor da pele.
“É hora de fazer as pessoas pensarem em dar fim ao ódio usando o esporte como uma ferramenta para dar foco ao racismo”, disse Marshall McKay, presidente do conselho tribal dos Yocha Dehe Wintun, sem revelar quanto os indígenas gastaram com a campanha.
O vídeo, que se chama “Orgulho de ser” foi produzido pelo Congresso Nacional dos Índios Americanos. Nele, os indígenas contam apelidos que têm orgulho de carregar. Ao final, deixam claro que Redskins não é um deles, mostrando um capacete do time de Washington.
Os índios americanos recentemente enviaram aos jogadores da NFL uma carta contendo assinaturas de 75 organizações indígenas, religiosas e de direitos humanos pedindo que os atletas se levantassem contra o nome Redskins, que, segundo a carta, “não honra as pessoas de cor”.
Faz um ano que diversas tribos se manifestam pela mudança do nome do time de Washington. Mas a pressão sobre o proprietário do Redskins, Dan Snyder, aumentou bastante desde que a NBA baniu para sempre da liga o proprietário do time de basquete Los Angeles Clippers, Donald Sterling, por comentários racistas contra os afro-americanos. Snyder, no entanto, já afirmou considerar o nome Redskins uma “medalha de honra”, prometendo nunca mudá-lo.
Dirigentes da NFL e da equipe de Washington repetem insistentemente que não consideram o nome ofensivo. E se apoiam numa pesquisa realizada há dez anos e em cartas recentes de americanos de ascendência indígena que gostam do nome da equipe.