EUA: Futebol vence a última grande barreira global
Marcos Peres
Talvez você já tenha lido ou ouvido falar que o jogo desse domingo, entre Estados Unidos e Portugal, pelo grupo G da Copa do Mundo, foi a partida de futebol mais assistida da história da TV americana, atraindo 18,2 milhões de telespectadores em média durante o confronto. Seria uma zebra capaz de “puxar” uma carruagem com mais de 18 milhões de americanos, já que os “Yanks” venciam Portugal até os 50 minutos do segundo tempo? Não.
Teria o futebol vencido a “última grande barreira” na expansão de seu reinado global? Estaria o “soccer” finalmente se enraizando nos EUA, depois de ser insistentemente arrancado dos principais campos do país, como ervas daninhas tentando crescer nos gramados de futebol americano? A resposta é sim, está.
A audiência de Estados Unidos 2 x 2 Portugal atingiu quase 23 milhões de pessoas nos minutos finais, bem mais do que a média de 18,2 milhões ao longo do jogo. Isso, sim, é reflexo de uma vitória improvável – que virou empate nos últimos segundos de partida. Porém, o maior mercado consumidor do mundo já sabe bem quem é Cristiano Ronaldo. A final da UEFA Champions League 2014, entre Real Madrid e Atlético de Madrid, foi transmitida em TV aberta nos EUA, pela FOX. A audiência média foi de 3,1 milhões de pessoas, combinando-se as transmissões em inglês e espanhol (FOX Deportes).
Esse ano, pela primeira vez na história, 10 jogos da última rodada da Premiere League – o campeonato inglês – foram transmitidas simultaneamente nos EUA – sim, ao mesmo tempo, em dez canais diferentes. A audiência combinada foi de 4,9 milhões de telespectadores. A rede NBC, detentora dos direitos, anunciou uma audiência média de 31,5 milhões de pessoas nas transmissões da temporada 2013-2014 da Premiere League.
Dois times vão estrear na temporada 2015 da liga local, a Major League Soccer. O Orlando City, do proprietário brasileiro Flávio Augusto da Silva, está em negociações avançadas com o meia Kaka, do Milan, da Itália. O New York City, uma parceria entre os donos da maior equipe de beisebol do mundo, o NY Yankees, e o grupo que controla o Manchester City, da Inglaterra, já apresentou o atacante espanhol David Villa.
A MLS e suas franquias trabalham duro para convencer alguns dos principais personagens do futebol europeu para a América. A média de público nos estádios é ótima. A oitava melhor do mundo. Superou os 18,8 mil espectadores por jogo em 2013. Porém, a carência de grandes ídolos influenciou negativamente a audiência na TV no mesmo ano. Sem a exibição das tatuagens de David Beckham em rede nacional de televisão, a final da MLS-2013, entre Sporting Kansas City e Real Salt Lake, teve audiência de 500 mil telespectadores em média. O que não impediu, poucos meses depois, o anúncio do maior acordo de direitos de televisão da história da liga americana.
De olho no futuro e alinhadas com os planos da MLS de se tornar uma das mais fortes ligas de futebol do planeta até 2022, FOX, ESPN e Univision ofereceram um total combinado de $ 90 milhões de dólares (R$ 200 milhões) por temporada nos próximos oito anos. Um aumento de 300% em relação ao contrato anterior, embora os números ainda pareçam modestos se comparados aos europeus ou mesmo aos brasileiros.
Os números deixam claro: Muitos americanos, sobretudo os mais jovens, já estão sofrendo daquela febre que termômetro nenhum acusa. E que nunca passa. E o mais importante: o futebol já penetrou nos principais mercados internos dos Estados Unidos. As maiores audiências estão onde o dinheiro está. Na capital, Washington, em Nova York, Baltimore (nos arredores de Washington), Boston, Seattle, Richmond (estado da Virginia), San Francisco-Oakland (Califórnia), Norfolk (Virginia), Providence, Long Island, Philadelphia e Chicago.