Dono do Clippers é banido da NBA por racismo e terá que vender o time
Marcos Peres
Donald Sterling, proprietário do Los Angeles Clippers, foi banido da NBA por toda a vida, por comentários racistas emitidos por ele durante uma conversa telefônica gravada e revelada na última sexta-feira na internet. O comissário da NBA, Adam Silver, anunciou também nessa terça-feira uma multa de $ 2,5 milhões – cerca de R$5,6 milhões -, valor máximo permitido pela constituição da NBA. Além disso, Sterling será forçado pela liga a vender a franquia.
Donald Sterling, de 80 anos, não pode comparecer a jogos, treinamentos, nem ao escritório do time em Los Angeles. Fica proibido de tomar decisões de negócios e mesmo contratar ou dispensar jogadores. Sterling foi banido também das reuniões do conselho de proprietários da NBA e quaisquer outros eventos promovidos pela liga.
O atual técnico do Clippers, Doc Rivers, deve se desligar do time ao final da temporada, caso Sterling não ponha o time à venda nas próximas semanas, segundo revelou o site americano Yahoo! Sports. E o mesmo deve acontecer com muitos jogadores do Clippers, como o armador da seleção dos EUA, Chris Paul. Eles fizeram uma manifestação silenciosa no último domingo, vestindo o uniforme do avesso durante o aquecimento para a partida contra o Golden State Warriors. 73% dos jogadores da NBA são negros e 81% têm ascendência afro-americana, segundo o relatório “Gender and Race Report Card for the NBA”.
Quatro dos patrocinadores do Los Angeles Clippers encerraram os contratos unilateralmente. E cinco outros suspenderam as verbas temporariamente.
Forçar Sterling a vender o time deve levar a batalhas judiciais. Porém, a NBA atendeu ao apelo popular e às manifestações de alguns dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, como Michael Jordan, Magic Johnson, Kobe Bryant, LeBron James e até do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a NBA utilizou uma cláusula de seu regimento interno que prevê punições para “conduta prejudicial à liga” para justificar as penalidades aplicadas a Donald Sterling.
Donald Sterling pode enfrentar também processos judiciais por racismo. Em 2009, ele fez um acordo de $2,8 milhões de dólares – cerca de R$ 6,2 milhões – para dar fim a dois processos por discriminação racial movidos por latinos e afrodescendentes, impedidos de alugar apartamentos de propriedade do empresário. Apesar de propor o acordo, Sterling negou as acusações.
Magnata do ramo imobiliário, Donald Sterling teve a fortuna avaliada em $1,9 bilhão de dólares (R$ 4,2 bilhões) pela revista Forbes.
Entenda o caso:
A gravação, revelada pelo site TMZ na última sexta-feira, revela uma conversa entre Donald Sterling e sua amiga Vanessa Stiviano. Sterling reclama de uma foto publicada por Vanessa na rede social Instagram, na qual ela posa ao lado do ex-jogador Magic Johnson:
– “No seu Instagram nojento, você não precisa aparecer andando com pessoas negras”, diz Sterling.
– “E se fosse alguém branco, tudo bem?”, pergunta Vanessa.
– “Eu conheço bem (Magic Johnson) e ele deve ser admirado”, responde Sterling. “Estou apenas dizendo que é péssimo que você não possa admirá-lo privadamente. Admire-o, traga-o aqui, alimente-o, transe com ele, mas não o ponha no Instagram para o mundo ver e me ligar. E não o traga aos meus jogos.”
Vanessa é a mulher que a esposa de Donald, Rochelle Sterling, acusou de ser uma “sedutora caçadora de dinheiro”, em um processo iniciado no mês de março em uma corte de Los Angeles e relatado pelo jornal Los Angeles Times. Rochelle pediu a devolução de $500 mil dólares (R$1,1 milhão), correspondentes aos carros de luxo que o marido teria dado à suposta amante, um apartamento duplex, avaliado em R$ 4 milhões, na região de Beverly Hills, Califórnia, além de outros presentes caros que Donald, de 80 anos, teria dado a Vanessa, de 38, sem o consentimento da esposa.