Jordan exige ação da NBA contra racismo e Clippers pode até ser vendido
Marcos Peres
Michael Jordan, o maior jogador de basquete da história, afirmou em um comunicado que a NBA “não pode tolerar discriminação”. Jordan se juntou ao melhor jogador da atualidade, LeBron James, o ex-jogador Magic Johnson e até ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Todos se manifestaram contra os comentários racistas revelados em uma gravação telefônica e atribuídos a Donald Sterling, proprietário do Los Angeles Clippers, da NBA.
Esse time, formado por ídolos do esporte e políticos, não para de crescer, criando uma grande pressão – maior impossível – sobre o comissário da liga, Adam Silver, para que a NBA tome atitudes disciplinares em relação a Donald Sterling. Ele pode ser proibido de frequentar os jogos da própria equipe e, até mesmo, ser obrigado a botar a franquia a venda.
“Eu vejo isso sob duas perspectivas: Como proprietário (de um time da NBA, o Charlotte Bobcats), estou obviamente enojado que um colega, dono de uma equipe, possa ter opiniões tão repugnantes e ofensivas”, disse Michael Jordan. “Estou certo de que Adam Silver (comissário e homem forte da NBA) fará uma investigação completa e tomará atitudes apropriadas rapidamente. Estou completamente ultrajado. Não há lugar na NBA – ou em qualquer outro lugar – para o tipo de racismo e ódio atribuídos ao Sr. Sterling”, continuou Jordan. “Em uma liga na qual a maioria dos jogadores é de afro-americanos, nós não podermos tolerar discriminação em nível algum.”
A gravação, revelada pelo site TMZ na última sexta-feira, revela o que seria uma conversa entre Donald Sterling e sua amiga Vanessa Stiviano. O homem ao telefone reclama de uma foto publicada por Vanessa na rede social Instagram, na qual ela posa ao lado do ex-jogador Magic Johnson:
– “No seu Instagram nojento, você não precisa aparecer andando com pessoas negras”, diz o homem.
– “E se fosse alguém branco, tudo bem?”, a mulher pergunta.
– “Eu conheço bem (Magic Johnson) e ele deve ser admirado”, responde o homem. “Estou apenas dizendo que é péssimo que você não possa admirá-lo privadamente. Admire-o, traga-o aqui, alimente-o, transe com ele, mas não o ponha no Instagram para o mundo ver e me ligar. E não o traga aos meus jogos.”
Vanessa é a mulher que a esposa de Donald, Rochelle Sterling, acusou de ser uma “sedutora caçadora de dinheiro”, em um processo iniciado no mês de março em uma corte de Los Angeles e relatado pelo jornal Los Angeles Times. Rochelle pediu a devolução de $500 mil dólares (R$1,1 milhão), correspondentes aos carros de luxo que o marido teria dado à suposta amante, um apartamento duplex, avaliado em R$ 4 milhões, na região de Beverly Hills, Califórnia, além de outros presentes caros que Donald, de 80 anos, teria dado a Vanessa, de 38, sem o consentimento da esposa.
Magnata do ramo imobiliário, Donald Sterling teve a fortuna avaliada em $1,9 bilhão de dólares (R$ 4,2 bilhões) pela revista Forbes.
As investigações iniciadas pela NBA podem forçar Donald Sterling a botar à venda o Los Angeles Clippers. Nos Estados Unidos, o comportamento pessoal dos proprietários já danificou seus negócios antes. Aconteceu durante o divórcio litigioso do ex-proprietário do Los Angeles Dodgers, Jamie McCourt. E com os estúdios de animação Pixar, empresa comprada por Steve Jobs quando o fundador, o cineasta George Lucas, se separou da esposa. Em ambos os casos, por causa das divisões dos bens dos casais.