Michael Phelps pode nadar Olimpíadas do Rio de Janeiro
Marcos Peres
Recentemente, Michael Phelps tem estrelado uma campanha publicitária de uma rede de fast-food ao lado de Pelé. O maior jogador de futebol de todos os tempos e o maior atleta olímpico da história se divertem comendo sanduíches. Deve ser fantástico ser considerado o Pelé de qualquer esporte. Porém, Edson Arantes do Nascimento tem 73 anos de idade, Michael Phelps, 28. Pelé não pode mais ser melhor do que Messi. Mas Phelps talvez ainda possa ser mais veloz do que qualquer nadador em atividade.
Essa quinta-feira, 24 de abril de 2014, pode vir a ser considerada o dia mais importante do ciclo olímpico dos Jogos do Rio de Janeiro-2016. O dia em que o atleta de maior sucesso da história das olimpíadas voltará a competir, depois de 20 meses de aposentadoria. Michael Phelps vai nadar nessa quinta dois eventos no Grand Prix da cidade de Mesa, no estado norte-americano do Arizona, os 100m livre e os 100m borboleta. “Acho que, no mínimo, vou com minha mãe (ao Rio de Janeiro)”, disse Phelps. “Se estarei na piscina ou na arquibancada, o tempo vai dizer”, afirmou o nadador.
Phelps sabe o quão difícil pode ser conquistar a classificação para as Olimpíadas pela quinta vez na carreira, 16 anos depois da primeira, Sydney-2000. Nos últimos dois anos, enquanto ele comia sanduíches, os adversários se privavam dos prazeres da vida para ocupar a lacuna deixada por ele. “Se eu não tiver tanto sucesso quanto vocês todos pensam que eu poderia ou deveria ter e vocês acharem que isso mancha a minha carreira, então será a opinião de cada um de vocês”, afirmou Phelps. “Estou fazendo isso porque quero voltar. Eu gosto de estar na água e gosto de estar na natação”, justificou.
Os jogos de golfe não dão medalhas. Nas mesas de poker, disputa-se dinheiro, não recordes mundiais. Namorar belas mulheres, fazer aparições descontraídas na televisão não alimentam o ímpeto de quem é competitivo como Michael Phelps. Durante 15 anos, ele se dedicou incansavelmente para ser o maior nadador de todos os tempos. Mas e agora? Quais os objetivos? Por que acordar às 5h da manhã para cair na piscina gelada, se durante a aposentadoria, foi visto algumas vezes em festas que não acabavam antes das 6h? Phelps afirmou que tem novas metas. Mas, como de costume, não as revelaria. “Eu pude fazer absolutamente nada durante um ano e meio, dois anos”, disse o nadador, sorrindo. “Eu viajei, joguei golfe, ganhei 13 quilos, me diverti muito. E senti falta de algo: Voltar à piscina, voltar ao North Baltimore (Aquatic Center, clube onde treinou por toda a carreira).”
A principal motivação de Michael Phelps para deixar a aposentadoria não deve mesmo ser o dinheiro. Phelps tinha mais de 15 patrocinadores quando se aposentou. Chegou a ganhar $30 milhões de dólares (R$ 67 milhões) por ano. Contudo, hoje, talvez esteja ganhando ainda mais dinheiro. Isso porque uma regra do Comitê Olímpico Internacional proíbe atletas olímpicos de promoverem patrocinadores pessoais que não sejam também patrocinadores do COI por um período que se estende antes, durante e depois dos Jogos Olímpicos. Portanto, impede que essas empresas se beneficiem dos seus atletas nos momentos de maior visibilidade.
Phelps disse certa vez que jamais nadaria depois dos 30. Estaria ele disposto a nadar até os 30? Essa é a idade que ele terá durante as Olimpíadas do Rio. Será que sente saudades da pressão que superou para conquistar 22 medalhas olímpicas, 18 delas de ouro? Por mais incrível que possa parecer, sim. “Competir. É tudo o que posso querer agora. Eu não compito desde o revezamento 4X100m quatro estilos (das Olimpíadas) em Londres (2012). Então, quero apenas voltar àquela mentalidade competitiva. É algo que eu amo de verdade. Quando estava competindo em Londres e durante toda a minha carreira.”