Werdum temeu ser esquecido pelo público e pelo UFC
Marcos Peres
Há poucos meses, o peso-pesado brasileiro Fabrício Werdum andava mais ocupado com os empregos de comentarista do UFC na televisão, para a América Latina, e de embaixador do UFC. Lutou pela última vez há mais de dez meses, em junho de 2013. Estava determinado a esperar pelo retorno do campeão Cain Velasquez ao octógono, para uma disputa de cinturão prometida pela organização. Porém, o americano passou por uma cirurgia no ombro esquerdo e a lenta recuperação ainda vai levar mais sete meses.
Apesar de relutar, Fabrício Werdum acabou por aceitar uma luta contra o americano Travis Browne, a ser disputada nesse sábado, em Orlando, Estados Unidos. E o que o convenceu foi um dito popular: “Quem não é visto, não é lembrado”. “No começo foi bem difícil a decisão de fazer essa luta, porque eu já estava com a mão no cinturão, pronto para lutar”, contou Werdum. “É difícil ficar muito tempo sem lutar. Eu iria ficar quase dois anos sem lutar. Foi uma decisão difícil, mas a gente sabia que depois as pessoas poderiam estranhar o Werdum lutando pelo cinturão, já que ele estava desaparecido.”
Fabrício Werdum, então, decidiu “mostrar ao mundo mais uma vez” que está pronto para disputar o cinturão dos pesados do UFC. Depois de brasileiros como Ânderson Silva, José Aldo e Júnior Cigano, nocauteadores natos, terem feito história no UFC, o gaúcho Werdum representa a volta por cima do jiu-jitsu brasileiro dentro da organização. Assim como o carioca Renan Barão, atual campeão da categoria peso-galo, outro especialista em submissões.
“Saber que o Rickson (Gracie), o Royce (Gracie) assistem mesmo às lutas e depois elogiam, dizendo que represento muito bem o jiu-jitsu me deixa muito feliz”, afirmou Werdum, bicampeão mundial de jiu-jitsu.
Foi por submissão que Fabrício Werdum venceu pela última vez, aplicando uma chave de braço no lendário brasileiro Rodrigo Minotauro. Foi o terceiro triunfo consecutivo, desde o retorno ao UFC, em 2012. O próximo adversário é cinco anos mais novo, tem boa velocidade, apesar dos 2,01 metros de altura, e prefere trocar golpes de pé, buscando o nocaute. Aos 36 anos, Werdum diz ter o antídoto para esse veneno.
“Tive aquele momento, que todos os lutadores de jiu-jitsu têm, de pensar que podem trocar o jogo completamente. Começam a treinar muay thai, boxe e pensam que já são especialistas naquela arte. Já passou esse meu momento. Já estou bem vacinado nesse ponto”, contou o lutador gaúcho, confiante de que encontrará uma chance de finalização em uma luta de cinco rouns, 25 minutos.