BMW fabrica trenó inovador para as Olimpíadas
Marcos Peres
Nas Olimpíadas de Inverno Sochi, a ser disputada no mês de fevereiro, na Rússia, o primeiro trenó construído pela montadora de automóveis BMW pode dar à equipe masculina de bobsled dos Estados Unidos uma medalha de ouro depois de 78 anos.
Ironicamente, a Federação de Bobsled e Skeleton dos Estados Unidos recorreu à montadora alemã para tentar acabar com o domínio da Alemanha no bobsled de duas pessoas. Os alemães venceram as três últimas edições das Olimpíadas.
Graças ao trenó, mais estreito do que os demais, fabricado em fibra de carbono, os Estados Unidos ocupam atualmente a primeira posição na Copa do Mundo de Bobsled. “Há três elementos no bobsled”, afirmou o piloto da equipe americana, Steve Holcomb: “Uma boa corrida na largada, um bom piloto e um bom equipamento. Até agora, os três estão interagindo muito bem”.
Antes dessa experiência, a BMW não sabia nada sobre bobsled, mas entendia tudo de aerodinâmica e matéria-prima para corridas de carros. A montadora esteve na Fórmula-1 por diversas temporadas, se despedindo em 2009, em meio à crise econômica mundial. O trenó de bobsled viaja a cerca de 150 km/h. E a diferença entre vencedores e derrotados é medida em centésimos de segundo nos dias de hoje.
O chefe da equipe de design do trenó é Michael Scully, um ex-piloto de carros de corrida que hoje é diretor criativo da BMW. Ele concluiu que da forma com que o trenó sai lançado e pelas guinadas exigidas nas curvas da pista de gelo, o aerofólio clássico, utilizado nas últimas duas décadas, não era o mais aerodinâmico para a modalidade. Scully diminuiu as dimensões do aerofólio para o mínimo exigido para as competições de bobsled e passou a aplicar nele fibra de carbono. O corpo do trenó ficou tão leve, que a BMW teve que adicionar 45 kg de chumbo para chegar ao peso mínimo que consta do regulamento. E distribuiu esse peso extra de forma inovadora, mudando a dirigibilidade do trenó.
A BMW América do Norte é uma das maiores patrocinadoras do Comitê Olímpico dos Estados Unidos para esportes de verão e inverno. Porém, agora a parceria foi além: “Não é mais apenas um adesivo no trenó”, afirmou Scully. Nós queremos ser tão rápidos ou mais rápidos do que o trenó mais veloz do mundo”, disse Michael Scully à revista Forbes.
Os EUA estão fora do pódio do tradicional bobsled masculino para duas pessoas desde os Jogos Olímpicos de Oslo-1952. E a última medalha de ouro do país foi conquistada pela dupla Ivan Brown e Alan Washbond em 1936, nas Olimpíadas de Garmisch-Partenkirchen, distrito da Bavária, no sul da Alemanha.
As americanas conquistaram uma medalha de ouro na estréia do bobsled para duas pessoas feminino, nos Jogos de Salt Lake City-2002. Porém, desde então, já foram superadas por alemãs e canadenses nas edições de Turim-2006 e Vancouver-2010.