Anderson Silva não precisa vencer
Marcos Peres
A poucas horas da revanche contra o americano Chris Weidman, Anderson Silva, de 38 anos, afirmou que não sabe quando vai se aposentar, que “é algo que virá do coração”.
Pois ao levantar-se da lona, depois de ser nocauteado de forma inacreditável, em julho desse ano, por um lutador de pouca experiência, como Chris Weidman, Anderson tinha o coração despedaçado. Obviamente, depois de sete anos como campeão dos médios do UFC, de uma trajetória invicta, com dez defesas de cinturão, nunca tinha imaginado uma derrota como aquela. Ser nocauteado com a guarda baixa, numa falha de esquiva.
Me lembro perfeitamente do silêncio da Arena do Cassino MGM, quando o maior lutador da história do UFC foi à lona. Talvez todos acreditassem que Anderson acordaria e reagiria de alguma forma. Qualquer um ficaria atônito. Mesmo os americanos, que torciam por Chris Weidman.
Contudo, dentro de poucos segundos, o silêncio foi suprimido pela comemoração de uns e a revolta de outros. Ao se aproximar de mim, para falar ao vivo para milhões de brasileiros, Anderson ainda podia ouvir vaias. Mas à medida que alguns brasileiros conseguiam se aproximar, começavam alí, ao pé do octógono, as primeiras manifestações de apoio.
“Não lutarei mais pelo cinturão”, disse Anderson. E, de fato, não lutará. Não é mais preciso. O Spider não tem obrigação alguma de vencer um lutador nove anos mais jovem. Os brasileiros e os fãs de MMA querem vê-lo fazer tudo o que não fez no primeiro combate: lutar! Ao final do combate, Anderson não precisa voltar a vestir o cinturão, mas a velha honra, construída em vinte anos de carreira.
De volta àquela noite em que Anderson foi derrotado por ele próprio, hoje enxergo que o público o teria aplaudido tivesse Anderson perdido para Weidman.