Dramalhão separa melhor jogador do México da Copa
Marcos Peres
Depois de viver o maior dramalhão entre as seleções classificadas para a Copa do Mundo de 2014, trocando de treinadores quatro vezes nas últimas seis partidas das Eliminatórias, o México agora vive a expectativa do capítulo final de uma novela que já dura quase três anos: Irá Carlos Vela, o principal jogador mexicano em atividade na Europa, disputar a Copa do Mundo?
Carlos Vela tem se negado a defender a seleção mexicana desde fevereiro de 2011. Já declinou quatro convocações desde então. Porém, marcou oito gols em 16 jogos na atual temporada do Campeonato Espanhol, pelo Real Sociedad. Já são 13 gols em 27 jogos em 2013. Aos 24 anos, “é sem dúvida o jogador que está em melhor momento entre os mexicanos na Europa”, segundo o atual técnico da seleção, Miguel Herrera.
O técnico Herrera, conhecido no México como El Piojo – “Piolho” -, afirmou que pretende encontrar Vela na Europa em breve para uma conversa definitiva. “Serei muito honesto com ele”, afirmou o treinador. “Se ele disser sim, terá as portas abertas e quero vê-lo com o mesmo comprometimento que mostra com o Real Sociedad. E se me disser não, respeitarei da mesma forma.”
Para voltar à seleção, Vela terá que encarar a desconfiança do povo, apaixonado pela “El Tri”. Talvez o atacante tenha escapado da execração pública no México graças à classificação da seleção na repescagem contra o Nova Zelândia. Mas ele foi apontado como um dos responsáveis pela campanha muito abaixo da média nas Eliminatórias da Concacaf.
Em 2010, Carlos Vela e o zagueiro Efraín Juárez foram punidos pela Federação Mexicana com o afastamento da seleção por seis meses por cometer atos de indisciplina. Outros nove jogadores foram multados. O chefe do comitê de seleções da Federação Mexicana de Futebol, Nestor de la Torre, disse que Juarez e Vela violaram as regras do regulamento interno ao participar de uma festa em Monterrey depois do amistoso ganho por 1 a 0 contra a Colômbia, no dia 7 de setembro. Segundo a imprensa mexicana, a festa teria tido a participação de prostitutas.
Vela retornou à seleção em fevereiro de 2011, para uma partida contra a Venezuela. Mas o mau relacionamento com os dirigentes combinado com as críticas da torcida o fizeram negar convocações importantes para o Copa Ouro 2011, as Olimpíadas de Londres-2012 e as Eliminatórias para a Copa de 2014 em duas oportunidades.
O capitão da seleção do México, o ex-zagueiro do Barcelona Rafa Márquez, defendeu essa semana a volta de Carlos Vela ao time. “Ele é um grande jogador, está fazendo tudo certo no Real Sociedad e está em alto nível. É alguém que poderia nos ajudar”, disse Márquez ao Diario Marca.
Depois de marcar quatro gols na vitória do Real Sociedad sobre o Celta de Vigo por 4 a 3, em setembro, Carlos Vela disse que jamais disse que nunca mais defenderia a seleção mexicana. “Eu nunca fechei a porta para o retorno”, afirmou Vela. “Eu sempre disse que não era por causa de problemas com alguém, apenas não era a hora certa. Se eles considerarem adequado e me ligarem, vamos conversar e chegar a uma conclusão. Porém, ninguém vai chegar e mudar o mundo ou uma seleção”, lembrou o goleador.