Sobrevivente de dois desastres aéreos volta ao basquete
Marcos Peres
Dois anos depois de sobreviver ao segundo acidente aéreo da vida dele, o americano Austin Hatch, de 19 anos, assinou, nessa quarta-feira, uma carta de intenções para ganhar uma bolsa de estudos pelo time de basquete da Universidade de Michigan.
“Quando acordei do coma, eu disse às pessoas: – Eu vou jogar basquete novamente”, lembrou Hatch em uma coletiva de imprensa.
Em 2011, Austin Hatch perdeu o pai e a madrasta quando um pequeno avião no qual viajavam caiu na cidade de Charlevoix, estado de Michigan. Hatch foi colocado em coma induzido pelos médicos por oito semanas para se recuperar de uma lesão cerebral causada pelo impacto, além de uma clavícula quebrada e um pulmão perfurado.
Oito anos antes, Hatch tinha perdido a mãe e dois irmãos em outro acidente aéreo. O pai era o piloto em ambas ocasiões.
O segundo acidente aconteceu apenas duas semanas depois de Hatch, de 2,01m de altura, ter se comprometido verbalmente a jogar basquete pela Universidade de Michigan assim que concluísse o ensino médio. Na época, ele era destaque das competições escolares pelo time da Canterbury High School, de Fort Wayne, estado de Indiana, com médias de 23 pontos e nove rebotes por jogo.
“Eu sinto que Deus pôs sua mão sobre mim”, disse Hatch, emocionado, depois de assinar com a universidade. “Eu sinto que há um plano para a minha vida”, afirmou o jovem que ainda não disputou uma partida competitiva desde o segundo acidente.
“O técnico Beilein me disse que não me ofereceria uma bolsa de estudos se não acreditasse que eu teria um papel que ajudasse o time a vencer”, contou Hatch. “Ele me disse: – Austin, independentemente do que você for capaz de fazer, seja como assistente ou um jogador de treino, ou o que for, você terá a bolsa de estudos. Não interessa como.”
Porém, Hatch está determinado a jogar. Mesmo reconhecendo os obstáculos que ainda tem que superar. “O que antes era instintivo, agora tenho que pensar para realizar”, ele explicou. “Vai levar mais algum tempo. Mas tenho trabalhado nos meus fundamentos. Tenho trabalhado em cada e em todos os detalhes para voltar à quadra.”
A recuperação física, emocional e mental de Austin Hatch tem avançado devagar mas estavelmente, segundo especialistas.
“Eu tive que reaprender a andar e falar”, disse Hatch. “Tive que reaprender tudo. Foi como se eu tivesse nascido novamente. Regredi muitos anos.”
“Houve algumas pessoas que duvidaram de mim”, ele contou. “Eu disse a elas que agradecia pelas opiniões, mas que iria provar que estavam erradas. Pode ter parecido forçado, vindo de um cara em uma cadeira de rodas. Mas sempre acreditei que minha hora vai chegar.”