Crise de audiência da TV não afeta Super Bowl
Marcos Peres
O jogo desse domingo entre Denver Broncos e Seattle Seahawks tem potencial para atingir a maior audiência da história da televisão americana, superando os 111,3 milhões de telespectadores que assistiram ao Super Bowl de 2012, no qual o New York Giants derrotou o New England Patriots.
Com a audiência cada vez mais fragmentada pela concorrência dos computadores pessoais, tablets, telefones celulares, video-games e outras plataformas, cresce o número de pessoas – principalmente jovens – pouco atraídas pela televisão convencional nos Estados Unidos. Até mesmo as finais de esportes tradicionais, como o beisebol e o basquete, perderam grandes percentuais de audiência nas últimas décadas. Porém, os quatro eventos mais assistidos da história da televisão americana são as quatro últimas edicões do Super Bowl. Um fenômeno que sobrevive às mudanças inquestionáveis do mundo moderno e que vai muito além das paixões clubísticas.
Baltimore Ravens e San Francisco 49ers disputaram a final do ano passado. A soma dos habitantes das duas cidades é igual a 1,4 milhão de pessoas. Mas a audiência do jogo foi de 108,4 milhões de telespectadores. 51% dos domicílios americanos estavam ligados na rede CBS durante os 17 minutos finais da decisão, o que caracterizou a terceira maior audiência de todos os tempos nos Estados Unidos. Ou seja, o sucesso do Super Bowl não é impactado pelo tamanho dos mercados dos times envolvidos. O show tem vida própria.
A competitividade entre os times da NFL explica o sucesso em boa parte. Cinco dos últimos seis Super Bowls foram decididos por um touchdown ou menos de diferença no placar. E o jogo desse domingo ganhou mais um ingrediente intrigante a partir do momento em que a final foi marcada para o MetLife Stadium, um estádio descoberto, durante o inverno na região de Nova York. A temperatura durante o jogo estará proxima de 0ºC.
Com exceção das tradicionais séries americanas, que fazem o papel das novelas no mercado brasileiro, a programação convencional da TV nos EUA sofreu uma queda alarmante de 17% na audiência durante o inverno de 2013 em relação ao mesmo período do ano anterior entre as pessoas de 18 a 49 anos de idade, as mais desejadas pelos anunciantes. Contudo, as cinco redes de televisão envolvidas nas transmissões da atual temporada da NFL reportaram aumento médio de 5% na audiência em relação a 2012. As finais das duas conferências registraram aumento de 20% nos índices em relação ao ano passado. Ambas partidas tiveram mais de 50 milhões de telespectadores em 2014.
A audiência das finais da liga de beisebol – a MLB – é hoje duas vezes e meia menor do que na década de 1980. O confronto de 2012, entre San Francisco Giants e Detroit Tigers, registrou a menor audiência da World Series of Baseball em todos os tempos, com média de 12,7 milhões de telespectadores ao longo da série de quatro jogos.
Desde a aposentadoria do astro Michael Jordan, a audiência das finais da NBA também nunca mais foi a mesma. Já faz 16 anos que Chicago Bulls e Utah Jazz estabeleceram o recorde de audiência das finais da liga de basquete, em 1998.
Apesar de 98% da audiência do Super Bowl estar na America do Norte, a final do campeonato de futebol americano só perde atualmente para a final da Liga dos Campeões da Europa de futebol, um evento de audiência global.