Perfil cultural influencia convocações para Copa
Marcos Peres
Treinadores de diversas seleções classificadas para a Copa do Mundo de 2014 revelam, nessa segunda-feira, as listas preliminares de 30 jogadores convocados para a Copa do Mundo, atendendo ao prazo estabelecido pela FIFA. Porém, o técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, preferiu dar nomes à lista final de apenas 23 jogadores já na semana passada.
Os escolhidos vão se apresentar à seleção brasileira no próximo dia 26 de maio, no centro de treinamentos da CBF, na Granja Comary. Oito dias antes do prazo para Felipão enviar à FIFA a convocação final para a Copa do Mundo. Se quisesse, o técnico da seleção poderia, portanto, ter convocado os 30 jogadores da lista preliminar para promover uma semana de intensa competição interna entre os atletas em Teresópolis, como vai fazer, por exemplo, o técnico da seleção dos Estados Unidos, Jürgen Klinsmann.
“Não compartilho dessa idéia (de selecionar 30 jogadores) e depois cortá-los”, afirmou Felipão no dia da convocação para a Copa. Scolari tomou uma decisão baseada nos estudos da psicóloga Regina Brandão, que mostram que jogadores brasileiros se sentem mais confortáveis quando são informados com antecedência, seja sobre a convocação ou mesmo a escalação do time para determinada partida. “É uma situação verdadeiramente cultural”, afirmou Regina em uma rara entrevista concedida ao jornal americano The New York Times. “Eles (brasileiros) são muito mais intensos do que jogadores de outros países, para o bem e para o mal”, contou a psicóloga, que também fez parte da comissão técnica de Felipão na seleção de Portugal, entre 2003 e 2008.
Não coincidentemente, o técnico do México, Miguel Herrera, já anunciou os 23 jogadores da lista definitiva. Enquanto o treinador da Alemanha, Joachim Low, chamou 30. O que mostra uma divisão cultural clara entre latinos e europeus. Nós precisamos nos sentir amados. Eles, desafiados.
Jürgen Klinsmann também utiliza o acompanhamento psicológico como ferramenta para as convocações, desde que enfrentou o desafio de comandar a seleção alemã na Copa do Mundo da Alemanha, em 2006. Klinsmann aprendeu que o suspense era motivador para os jogadores alemães. Dar a escalação do time no vestiário, minutos antes da partida, os mantinha altamente motivados. E descobriu, nos últimos três anos, que o mesmo se aplica aos atletas dos Estados Unidos. Ao contrário de Felipão, Klinsmann vai incentivar o clima competitivo entre 30 jogadores em um centro de treinamentos da cidade de Stanford, na Califórnia. “Vai ser uma grande competição por vagas (na seleção)”, anunciou o treinador via Twitter.
“Para nós, técnicos, é muito, muito importante ver cada um deles em cada sessão de treinamentos, em treinamentos coletivos, ao longo de duas semanas e meia, para termos certeza de que realmente os melhores 23 vão viajar para o Brasil”, explicou Klinsmann.