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Por que Donovan está fora da seleção dos EUA

Marcos Peres

 

Julian Green, de 18 anos, ficou com a vaga de Donovan, de 32 - foto: Christian Petersen/Getty Images

Julian Green, de 18 anos, ficou com a vaga de Donovan, de 32 – foto: Christian Petersen/Getty Images

O técnico Jürgen Klinsmann não vai levar o melhor jogador da história dos Estados Unidos para a Copa do Mundo no Brasil. Maior goleador da seleção americana, Landon Donovan não apareceu na lista final de 23 jogadores divulgada nessa quinta-feira. Klinsmann justificou dizendo: “Tenho que decidir o que é melhor para esse grupo hoje, que vai para o Brasil. Penso apenas que há outros jogadores agora um pouco à frente dele (Donovan).”  

Mas o que está nas entrelinhas da convocação final dos EUA diz muito mais do que isso. Klinsmann quer dar experiência internacional a jovens jogadores americanos. Depois de ter sido encurralado entre Alemanha, Portugal e Gana, no difícil grupo G do mundial desse ano, o treinador dos Estados Unidos decidiu iniciar o trabalho que vai se estender até a Copa do Mundo da Rússia, daqui a quatro anos. E, para tanto, preteriu alguns jogadores fundamentais nas eliminatórias da Copa em favor de jovens atletas.

Landon Donovan - foto Christian Petersen/Getty Images

Landon Donovan – foto Christian Petersen/Getty Images

Donovan, de 32 anos, apesar de ser o melhor, não é único jogador experiente a ser dispensado da viagem ao Brasil. O atacante Eddie Johnson, de 30 anos, o zagueiro Clarence Goodson, de 32, e o meia Brad Evans, de 29, também foram surpreendidos. Jürgen Klinsmann decidiu convocar DeAndre Yedlin, de 20 anos, do Seattle Sounders-EUA, John Brooks, 21 anos, jogador do Hertha Berlim-ALE e Julian Green, de 18, recém promovido para o time adulto do Bayern de Munique-ALE. Esses dois últimos, são cidadãos de dupla nacionalidade, Alemanha – Estados Unidos, que Klinsmann convenceu a defenderem os EUA.

Jürgen Klinsmann está cumprindo, à sua forma, a missão que lhe foi dada pela federação americana em 2011, quando assumiu a seleção: iniciar nos EUA uma reciclagem semelhante à que promoveu no futebol alemão entre 2004 e 2006,  quando levou uma jovem seleção da Alemanha ao terceiro lugar na Copa disputada em casa. E, o mais importante, jogando no ataque e causando uma revolução no futebol alemão.

Ao decidir trocar 5 jogadores da base da seleção alemã e promover jovens jogadores ao time titular, Klinsmann foi massacrado no país onde nasceu. Considerado o melhor jogador da Alemanha na Copa de 98, o zagueiro Christian Wörns, do Borussia Dortmund, atacou Klinsmann publicamente em uma entrevista. Aos 34 anos de idade, ele queria liderar a seleção frente à própria torcida. Mas, em vez disso, deu lugar a Per Mertesacker, de apenas 21 anos.

Mertesacker tinha a mesma idade que o atacante Lukas Podolski, 21 anos. Podolski acabou sendo um dos vice-artilheiros da Copa da Alemanha, com 3 gols, ao lado de jogadores como o brasileiro Ronaldo, o argentino Hernán Crespo, e os franceses Zinedine Zidane, e Thierry Henry.

Podolskis e Mertesackers não estão disponíveis nos Estados Unidos na atualidade. Klinsmann sabe como ninguém que seu “pé-de-obra” nos Estados Unidos não é tão qualificado quanto encontrou na Alemanha. E foi por esse motivo que a federação de futebol dos EUA já concedeu ao treinador uma extensão de contrato de quatro anos, até 2018. Sim, até a Copa do Mundo de 2018. Quando Landon Donovan terá 36 anos de idade. E, então, sua convocação muito provavelmente não será tão questionada.