Futebol começa a incomodar beisebol nos EUA
Marcos Peres
Em 2015, o futebol vai dividir espaço com o beisebol no principal estádio da cidade mais importante dos Estados Unidos, Nova York. Algo inimaginável poucos anos atrás. O futebol vai exigir adaptações no gramado do Yankee Stadium, o templo do mais tradicional esporte norte-americano, a casa do time esportivo mais valioso dos Estados Unidos, o NY Yankees.
Diante da notícia de que o New York City Football Club (NYCFC) vai jogar sua temporada inaugural no Yankee Stadium, dirigentes do time de beisebol se viram obrigados a convocar uma entrevista coletiva, nessa segunda-feira, para acalmar os fãs do Yankees, preocupados com as condições do gramado, passarela para alguns dos esportistas mais bem pagos do mundo, como Alex Rodriguez, Mark Teixeira e Derek Jeter. O salário anual de Jeter, superior a R$ 56 milhões, seria suficiente para cobrir as folhas salariais de dois times de futebol dos Estados Unidos.
“Sim, o gramado será usado mais do que nunca, o que é uma preocupação”, disse o chefe de operações do time de beisebol, Lonn Trost. Contudo, diante do crescimento do futebol nos Estados Unidos, os proprietários do NYCFC não querem perder tempo à espera de uma solução para a construção de um estádio específico para o futebol em uma cidade tão povoada e com tantos entraves imobiliários. A principal liga de futebol dos Estados Unidos, a Major League Soccer, atingiu, em 2013, uma média de público de 18,8 mil espectadores por jogo, 5,8 mil pessoas a mais do que o Campeonato Brasileiro do mesmo ano. Aos dirigentes da equipe de beisebol não restou outra opção que não seja cuidar do gramado adotando novas tecnologias. “Nós acreditamos que possamos fazer a grama crescer durante a noite”, contou Trost.
O Yankees vai adotar experimentalmente um sistema utilizado na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, e que vem sendo usado nos Estados Unidos pelo time de futebol americano Green Bay Packers, da NFL. Trata-se de um sistema de iluminação que produz artificialmente raios luminosos que as plantas necessitam para crescer.
O local da área do arremessador – principal jogador de um time de beisebol – terá que ser modificado para acomodar o campo de futebol. E, mesmo assim, será utilizado um sistema capaz de cobrir e descobrir o círculo de terra sem falhas no gramado em apenas um dia. A transformação completa do campo, do beisebol para o futebol e vice-versa, levará três dias. Será necessária a cooperação entre as ligas profissionais do dois esportes, a MLS e a MLB, para acomodar os dois calendários dentro dessas condições.
O campo de futebol terá as dimensões mínimas determinadas pela FIFA, 100 X 64 metros. Porém, o treinador do NYCFC, o americano Jason Kreis, afirmou não se importar com isso. “Para mim, essas são dimensões confortáveis”, disse Kreis. “Se você tiver menos do que isso, haverá algumas preocupações. Mas quando soube que seriam 70 metros, fiquei muito feliz.” A capacidade do estádio também será reduzida para os jogos da MLS, de 49,6 mil para 33,4 mil espectadores.
O New York City FC vai estrear na MLS no mesmo ano em que o time do empresário brasileiro Flávio Augusto da Silva, o Orlando City SC. O NYCFC é uma franquia adquirida em sociedade entre um fundo de investimentos dos Emirados Árabes Unidos – atual proprietário do Manchester City, da Inglaterra – e o NY Yankees. O Yankees não é apenas o time de beisebol de maior sucesso no mundo, mas também a franquia esportiva mais valiosa dos EUA. Sim, ainda vale mais dinheiro do que qualquer equipe de futebol americano, $ 2,5 bilhões de dólares (R$ 5,6 bilhões), segundo a Revista Forbes. Só o Manchester United e o Real Madrid valem mais dinheiro, publicou a Forbes.
O beisebol faz parte do cotidiano de dezenas de milhões de famílias americanas. Ainda é muito mais popular nos estádios ou pela televisão. Mas, na temporada 2015, o futebol vai dar o primeiro “Home Run”.