Um Higuaín no caminho de Júlio César antes da Copa
Marcos Peres
No quintal de casa, em Buenos Aires, Argentina, dois dos quatro irmãos da família Higuaín eram especialmente competitivos nas peladas de futebol disputadas todos os dias depois da escola. Eles viriam a seguir os passos do pai, o zagueiro argentino Jorge Higuaín, famoso na década de 80.
Ambos começaram a jogar profissionalmente no River Plate. Gonzalo Higuaín se tornaria um dos maiores atacantes do planeta nos anos 2000. Depois de sete anos de sucesso no poderoso Real Madrid, da Espanha, transferiu-se para o Napoli, da Itália por R$135 milhões, em 2013. E deve ser uma das principais armas da seleção da Argentina na Copa de 2014. Enquanto isso, o irmão mais velho, Federico Higuaín, teve que passar pela segunda divisão argentina antes de alavancar a carreira. Nunca havia se firmado em clube algum antes de ser contratado pelo Columbus Crew, da liga norte-americana de futebol, em 2012, por cerca de R$1,5 milhão, junto ao modesto Colón de Santa Fé, da Argentina.
Aos 29 anos, Federico Higuaín é capitão e principal jogador do Columbus Crew, time do estado de Ohio, nos Estados Unidos. “Argentina e Brasil são semelhantes. Contam com muitos jogadores de grande nível. É difícil às vezes ter a possibilidade de jogar pela seleção. De todas as formas, trato de fazer bem o meu trabalho dentro do clube e nada mais. Só penso nisso, contou Federico, que atua como meia-atacante. Em parte, por causa da estatura. Ele mede 1,72m, é 12 centímetros mais baixo do o irmão Gonzalo, de 26 anos, que se tornou um atacante de bom porte, que mede 1,84m.
Autor de 11 gols e nove assistências para gols em 29 jogos da temporada 2013, Federico é um dos jogadores mais bem pagos do Columbus Crew, Federico ganhou $ 606 mil dólares na temporada 2013, cerca de R$ 1,4 milhão. Enquanto isso, estima-se em R$ 15 milhões os vencimentos de Gonzalo no Napoli na atual temporada. Aliás, recentemente, o clube italiano rejeitou recentemente uma proposta do Chelsea, da Inglaterra, pelo atacante, que pode ter chegado aos 50 milhões de libras, o que corresponderia a R$ 194 milhões!
“Gonzalo está entre os melhores do mundo, sem dúvida”, afirmou Federico Higauín. “É um atacante muito completo, que luta por sua equipe, é muito inteligente para se desmarcar, buscar uma posição dentro da área e poder marcar gols. É um grande definidor, um finalizador muito bom. Também pode voltar e buscar jogo porque tem muitas qualidades para dominar a bola. Sempre digo a ele, o conheço desde pequeno e ele está entre os cinco melhores atacantes do mundo.” As médias de gols de Gonzalo Higuaín comprovam: 107 gols em 190 jogos pelo Real Madrid, média de 0,56 por partida. E 21 gols em 31 partidas pela seleção da Argentina, 0,67 por jogo.
Porém, Federico pode se considerar um “irmão menos famoso” de muito sucesso. Recentemente, John Rooney, irmão mais novo de Wayne Rooney, e o zagueiro Digão, irmão mais jovem de Kaka, passaram despercebidos pela liga americana, jogando pelo New York Red Bulls.
Federico revelou que vive muito feliz nos Estados Unidos. E resumiu o que o goleiro da seleção brasileira, Júlio César, vai encontrar na América do Norte, jogando pelo Toronto FC, do Canadá. Os dois devem se enfrentar antes da Copa, no dia 15 de abril. “Principalmente, uma liga muito bem organizada, na qual o jogador tem somente que pensar em jogar”, disse Federico. “Uma liga que te dá todo tipo de segurança, inclusive nos dias de jogo. Toda a estrutura para se treinar durante a semana, bons campos de treinamento, indumentária esportiva, equipamentos de treino, tudo. Boa hotelaria nas viagens, ótimos estádios. A verdade é que é uma liga bem pensada, que cresceu muito e que vai seguir crescendo. Assim, suponho que Júlio vá gostar muito, como aconteceu comigo, como aconteceu com outros jogadores de menor trajetória do que ele, mas que chegamos até aqui. E a verdade é que nos tratam muito bem.”
Os irmãos Higuaín não vão se encontrar antes da Copa do Mundo. Porém, Federico aguarda a convocação oficial da Argentina para programar uma viagem ao Brasil. “Gostaria, porque penso que vá ser lindo para nós. Mundial no Brasil, na vizinhança, pela possibilidade de encontrar muita gente do meu país e em cidades nas quais se vive o futebol como no meu país. Com certeza vai ser uma Copa muito linda!”