Bullying preocupa NBA, mas não o brasileiro novato na liga
Marcos Peres
Nessa sexta-feira, a NBA distribuiu um memorando aos 30 times da liga informando que não vai tolerar nenhuma forma de assédio moral ou trote em suas franquias. Mas o brasileiro Vitor Faverani, estreante na liga, afirmou que nenhum abuso aconteceu com ele no Boston Celtics.
“É meu primeiro ano, mas a molecada é bem de boa. Realmente, eles são bem tranquilões, disse Faverani, de 25 anos. “Normal, pega a mochila, leva isso, leva aquilo. Mas novatada, novatada mesmo, não teve nenhuma ainda. Cantar feliz aniversário pra galera é o que a gente faz. Mas é divertido. É o primeiro ano. Tem que viver essa experiência,” relatou.
Na mesma noite em que a maior liga de basquete do mundo assumiu sua preocupação com o bullying no ambiente de trabalho de atletas, técnicos e dirigentes, o Blog do Marcos Peres acompanhou o sexto jogo de Vitor Faverani pelo Boston Celtics. O novato começou como titular todas as partidas da temporada. Feito raro na NBA. Principalmente para um estrangeiro.
“Lógico que é diferente chegar um cara novo já jogando”, reconheceu o pivô brasileiro que viveu na Espanha para jogar basquete desde
os 14 anos de idade. “Mas acho que aqui está todo mundo contente. Eu fiquei surpreso, claro, não esperava chegar jogando. Mas acho que isso é fruto do trabalho de cada dia. Então, acho que o pessoal fica contente de me dar um conselho, poder me ajudar.”
Segundo a rede te televisão americana ESPN, o memorando da NBA aos times faz referência ao recente escândalo envolvendo uma das principais equipes de futebol americano do país, o Miami Dolphins, noticiado pelo Blog no dia primeiro de novembro.
O jogador Jonathan Martin, de 24 anos, abandonou o Miami Dolphins alegando sofrer bullying de um colega de time, o defensor Richie Ingognito. Incognito, de 31 anos, foi afastado dos Dolphins por tempo indeterminado.
Vitor Faverani acredita que “as brincadeiras têm seu limite. É lógico que aqui pedem pra você levar uma mochila rosa ou dançar alguma coisa. Acho que é besteirada de time. Acho que tem que aceitar na moral. É lógico que não tem que passar os limites. Acho que o time aqui é bem consciente disso. E o jogador tem que se fazer respeitar.”
A lista de violações assinaladas pela NBA inclui, entre outras coisas, qualquer abuso físico ou ameaças de violência, abuso verbal relacionado à raça, nacionalidade, cor, sexualidade, idade, religião. Também é proibido tomar parte em atividades de intimidação ou ameaça a colegas de time. Constrangimento, humilhação ou vergonha. Forçar o indivíduo a realizar qualquer atividade.
Vitor Faverani jogou 16 minutos na vitória do Boston Celtics fora de casa sobre o Orlando Magic, por 91 a 89. Pegou cinco rebotes, deu uma assistência, conseguiu um toco e uma bola de três, responsável pelos únicos três pontos dele na partida. Foi o desempenho mais modesto do pivo brasileiro em seis jogos. Mas significou mais um degrau na ascensão de Faverani na NBA. Ele ainda está desenvolvendo a língua inglesa, mas fez questão de abraçar e confortar o ala Jeff Green, quando americano errou uma bola simples a 38 segundos do fim, que poderia ter custado a vitória aos Celtics.
Com companheirismo e profissionalismo, Vitor Faverani está ganhando o respeito dos colegas e fãs da NBA. E, segundo ele, os 2,11 metros de altura também ajudam um pouco. “Para pivô é mais difícil ter novatada”, se diverte o grandalhão. “A pivosada é menos zoada do que o normal. Porque depois tem que impor bloqueio, pegar rebote, e sempre pode sobrar um cotovelo. Então, acho que é mais difícil fazer novatada para pivô.”