Blog do Marcos Peres

O que há por trás do primeiro jogo da história da NBA no Brasil nesse sábado.

Marcos Peres

Nesse sábado, Chicago Bulls e Washington Wizards vão se enfrentar no Rio de Janeiro, naquela que será a primeira partida da história da NBA no Brasil. Mas já faz muito tempo que os executivos da liga profissional de basquete dos Estados Unidos olharam para a bola laranja e viram nela um globo terrestre cheio de oportunidades. A NBA promove jogos internacionais há mais de três décadas. Até hoje, já realizou 138 jogos de pré-temporada ou mesmo de temporada regular em 18 países pela Europa, Américas e a Ásia, desde 1978. Seis anos antes de Michael Jordan estrear como jogador profissional pelo Chicago Bulls.

Poucas horas antes de embarcar para o Brasil, o time de Washington recebe nessa terça-feira o Brooklyn Nets, um time cujo dono é um russo, Mikhail Prokhorov, um dos homens mais ricos do mundo, que investiu mais de US$ 180 milhões (mais de R$ 396 milhões) no time para a atual temporada. Esse total excede de tal forma o teto salarial da NBA, que Pokhorov terá que dar outros US$ 87 milhões (R$ 191 milhões) para a liga pela extravagancia, segundo a ESPN americana.

Os Nets, hoje baseados no Brooklyn, em Nova York, têm três jogadores estrangeiros: Mirza Teletovic, da Bósnia, Tornike Shengelia, da Geórgia e Andrei Kirilenko, da Rússia.

Recentemente, o pivô Brook Lopez esteve em Singapura para promover o time. Kevin Garnett viajou para a China no mês passado, para lançar uma linha de calçados para um fabricante local. E os Nets planejam uma estratégia para, em breve, se tornarem a equipe preferida pelos russos.

O sucesso do time de Michael Jordan, seis vezes campeão da NBA na década de 90, fez do Chicago Bulls o time da NBA mais querido pelos brasileiros. Ainda hoje, os Bulls lideram o mercado de material licenciado pela NBA no Brasil, com 35% das vendas, segundo o escritório da liga no país. Já o adversário, o Washington Wizards, foi escolhido para o jogo a ser disputado na Arena HSBC por contar com o jogador brasileiro mais bem sucedido da história. Aos 31 anos de idade, Nenê Hilário recebe do Wizards um salário de US$ 13 milhões por temporada, o equivalente hoje a R$ 28,7 milhões. O time de Nenê tem também outros três estrangeiros, Pops Mensah-Bonsu, da Inglaterra, Jan Vesely, da República Tcheca e Kevin Seraphin, da França.

Apesar dos melhores jogadores de basquete do mundo saírem das escolas, das praças, dos becos dos Estados Unidos, a abertura da última temporada 2012-2013 registrou um recorde de 84 jogadores internacionais de 37 países diferentes. Oito deles, no San Antonio Spurs, que seria vice-campeão com o pivô brasileiro Tiago Splitter no plantel.

A sigla NBA significa Liga Nacional de Basquete, mas sem dúvida não há no mundo liga mais internacional. Esse ano, a NBA vai jogar dez partidas em seis países diferentes, fazendo dessa temporada a mais internacional de todos os tempos. Essa semana, enquanto Bulls e Wizards estiverem se enfrentando no Rio de Janeiro, Houston Rockets e Indiana Pacers estarão do outro lado do mundo, em Manila, nas Filipinas.

A liga também vai promover jogos em Manchester, na Inglaterra, e em Bilbao, na Espanha, pela primeira vez. Telespectadores acompanham a NBA ao redor do mundo. O programa Basquete sem Fronteiras, no qual jogadores da NBA trabalham com crianças, estão em 11 países. Mais de 400 milhões de pessoas seguem a NBA nas mídias sociais.

Esse mês, quando a NBA também estará na China, os fãs locais ganharão ingressos para assistir aos treinos do Los Angeles Lakers e do Golden State Warriors em Xangai acessando a conta da NBA no Weixin, uma mídia social chinesa. A NBA investiu pesado em propaganda na TV local e instalou aproximadamente 800 mil tabelas de basquete nas vilas chinesas. E parece que está funcionando. A Associação Chinesa de Basquete estima que mais de 300 milhões de pessoas pratiquem hoje o basquete na China.

Agora, o alvo é o segundo país mais populoso do mundo, a Índia, de 1.2 bilhão de habitantes. E o basquete já é o segundo esporte mais praticado por lá, atrás apenas do futebol. E esse é justamente o objetivo da NBA a ser alcançado no Brasil um dia.