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Apenas 5% dos mexicanos creem em título do México

Marcos Peres

Jogadores mexicanos comemoram vitória sobre o Brasil nas Olimpíadas de Londres - foto: Flavio Florido/UOL

Jogadores mexicanos comemoram vitória sobre o Brasil nas Olimpíadas de Londres – foto: Flavio Florido/UOL

O principal jogador mexicano da atualidade não quis defender a seleção do México na Copa do Mundo. Não que o atacante Carlos Vela tenha preferido jogar por outra nação, como o brasileiro Diego Costa, que escolheu a Espanha. Vela, do time espanhol Real Sociedad, não acredita que o México possa ser campeão mundial.

Poucas pessoas foram tão criticadas na história do México – imagine as mídias sociais. Porém, como Carlos Vela, grande parte da torcida mexicana, mesmo apaixonada pela “El Tri”, também não crê no sucesso da seleção, que não passou da segunda fase das últimas cinco Copas do Mundo. Uma pesquisa recente da empresa de consultoria Mitofsky constatou que apenas 5% dos mexicanos creem que a seleção nacional será campeã da Copa de 2014, revelou o diretor da empresa, Roy Campos.

Carlos Vela - foto: Eric Lalmond-Virginie Lefour/EFE

Carlos Vela – foto: Eric Lalmond-Virginie Lefour/EFE

O futebol mexicano até hoje não conseguiu identificar seu próprio estilo de jogo, algo único, uma virtude a ser explorada e que sirva de espelho para os mais jovens. Há qualidade técnica. Também há quantidade, em uma nação de quase 120 milhões de habitantes. Porém, falta consistência às seleções adultas.

Campeões das Copas do Mundo sub-17 de 2005 e 2011 e dos Jogos Olímpicos de Londres-2012 – uma competição basicamente sub-23 – os mexicanos levaram ao Brasil uma geração talentosa de atletas. O sucesso nas divisões de base não é novidade. Já na idade adulta, um dos desafios é compensar a diferença de porte físico para europeus, africanos e até alguns países sulamericanos. Um estudo de 2012 revelou que um mexicano mede, em média, 1,64m, contra 1,82m dos alemães e 1,74m dos brasileiros.

Responsável pela principal conquista internacional do México, a medalha de ouro nas Olimpíadas de Londres-2012, a jornada do técnico Luis Fernando Tena na seleção adulta durou quatro dias – um jogo com derrota para os Estados Unidos – em 2013. No futebol mexicano, como no brasileiro, dirigentes nada profissionais dispensam técnicos para livrar-se da responsabilidade pelas derrotas, pela má administração. A seleção mexicana trocou de treinadores quatro vezes nas últimas seis partidas das eliminatórias para a Copa de 2014.

Autor de 21 gols na temporada 2013/2014, Carlos Vela, de 25 anos, é pretendido atualmente pelo Arsenal, da Inglaterra. Já provou não precisar da seleção mexicana. O atacante tem se recusado a atender às convocações desde 2011. Mesmo com uma vaga garantida entre os titulares, Vela disse não ao México mais uma vez. Disse não à Copa do Mundo. “Não estou mentalmente 100% para representar ou fazer parte desse grupo, o qual merece meu máximo respeito”, afirmou Vela em nota, enquanto a seleção mexicana se refazia do desgaste e das críticas por quase ter falhado em se classificar para a Copa de 2014 nas fracas eliminatórias da Concacaf.

O México chegou à última rodada das eliminatórias dependendo de resultados dos rivais para jogar a repescagem, onde finalmente ganhou a vaga da Nova Zelândia.