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Incrível “Loucura de Março” toma conta dos EUA

Marcos Peres

Trey Burke, da Universidade de Michigan, voa na decisão de 2013, contra Universidade de Louisville, nos EUA - foto: Jeff Haynes/Reuters

Trey Burke, da Universidade de Michigan, voa na decisão de 2013, contra Universidade de Louisville, nos EUA – foto: Jeff Haynes/Reuters

Nos Estados Unidos, é muito difícil ligar a televisão ou o rádio, acessar um portal da internet ou ler um jornal no mês de março, sem se deparar com notícias sobre a “March Madness”, a “Loucura de Março”, em língua portuguesa. A March Madness é incrivelmente popular, está ao vivo na TV aberta, em horário nobre. Movimenta bilhões de dólares! A “Loucura de Março” é, simplesmente, basquete universitário. Não é a NBA, é a fase eliminatória da primeira divisão do maior torneio de basquete universitário dos Estados Unidos. São 68 times. E o povo americano realmente quer saber quem será o campeão nacional.

Cada jogo da March Madness de 2013 teve 10,7 milhões de telespectadores, em média. 23,4 milhões de americanos assistiram à final do basquete masculino da primeira divisão da NCAA no ano passado, na qual a Universidade de Louisville venceu a Universidade de Michigan. Patrocinadores como a gigante do ramo das telecomunicações, AT&T, a Coca-Cola, LG, Nissan, Unilever, e outras oito grandes empresas estão envolvidas com basquete universitário nos Estados Unidos. A final de basquete masculino de 2014 será realizada em um estádio com capacidade para 105 mil pessoas. A arena do Dallas Cowboys, do futebol americano, na cidade de Arlington, no estado do Texas.

Michael Jordan joga pela Universidade da Carolina do Norte - foto: AFP/ROBERT SULLIVAN

Michael Jordan joga pela Universidade da Carolina do Norte – foto: AFP/ROBERT SULLIVAN

Há mais de 50 anos, o esporte universitário é uma arma poderosa para a promoção da educação nos EUA. Os alunos criam uma forte identidade com a comunidade atlética da escola. Ex-alunos fazem doações em dinheiro. Às vezes, muito dinheiro. Os que querem ser alunos compram produtos, entradas para os jogos e fazem os pais guardarem muito dinheiro para sustentar o ensino superior dos filhos.

Michael Jordan já era conhecido dos americanos antes mesmo de se tornar jogador profissional de basquete. Aluno-atleta premiado em 1984, defendendo o time da Universidade da Carolina do Norte, Jordan já estava na televisão antes de ser escolhido pelo Chicago Bulls, da NBA. Já era um campeão olímpico, inclusive. Medalha de ouro nas Olimpíadas de Los Angeles-1984.

Técnico Mike Krzyzewski orienta os EUA - foto: AP Photo/Mark J. Terrill

Técnico Mike Krzyzewski orienta os EUA – foto: AP Photo/Mark J. Terrill

O técnico da seleção americana de basquete, Mike Krzyzewki, atual bicampeão olímpico, já dispensou muitos convites de times profissionais para continuar dirigindo a Duke University, uma escola privada do estado da Carolina do Norte, cargo que ocupa desde 1980. O “Coach K”, como ficou conhecido Krzyzewki, recebe um salario anual de $ 7,2 milhões de dólares, cerca de R$ 16,7 milhões por ano. Como pode uma instituição de ensino pagar tanto por um treinador de basquete? As escolas americanas são administradas como empresas. A venda de ingressos, de produtos licenciados, direitos de transmissão constituem grande parte da renda das universidades. O torneio de basquete de 2014 envolve contratos bilionários de direitos de transmissão com algumas das maiores redes de televisão dos Estados Unidos, como a CBS, ESPN e a Turner Sports.

Os americanos consomem esporte universitário tanto quanto se interessam por esportes profissionais. O futebol americano e o basquete universitários estão entre os sete esportes prediletos no país. A frente do futebol, segundo pesquisa realizada em janeiro de 2014 pela consultoria Harris Poll, considerando adultos a partir dos 18 anos de idade. Essa é, atualmente, a ordem de preferencia nos EUA: Futebol americano, beisebol, futebol americano universitário, automobilismo, NBA, NHL e basquete universitário.

Os atletas universitários não podem receber um centavo sequer. Seja de patrocinadores pessoais, ou mesmo para participarem de campanhas publicitárias. As bolsas de estudos (que podem valer bastante dinheiro) são tudo o que eles podem ter. Essa é a regra mais controlada e debatida do esporte universitário dos EUA, já que os garotos fazem muito dinheiro para as instituições. Em 2012, a NCAA fez $1 bilhão, em anúncios comerciais durante os jogos na TV, o equivalente hoje a R$ 2,3 bilhões.

A NCAA, National Collegiate Athletic Association, reúne 1281 instituições de ensino. É apenas uma das três maiores associações. As outras são a National Association of Intercollegiate Athletics (NAIA) e a National Junior College Athletic Association (NJCAA).

Um ingresso para assistir a um jogo de futebol americano universitário pode custar entre R$230 e $7 mil. Nos jogos de basquete, varia entre R$12 e R$1,2 mil.

Atualmente, a lista de esportes regulados pela NCAA inclui beisebol, basquete, boliche, boxe, cross country, esgrima, hóquei sobre a grama, futebol americano, golfe, ginástica artística, hóquei sobre o gelo, lacrosse, tiro esportivo, remo, esqui, futebol, softbol, natação, saltos ornamentais, tênis, atletismo, vôlei, polo aquático e luta olímpica.